segunda-feira, 25 de outubro de 2010

she's got style

"If it's not those cowboy boots in the summer, oh, my God, I pray for another chance to drive down back highways until I stumble upon your beautiful face. Your presence isn't what kills me; it's that artistic gleam that's taking over my scenery, dream by dream..."

Ao ouvir a conhecida música tocando no meu celular, esbocei um sorriso. Estava começando a chover. Aliás, começara a chover logo que pisamos dentro daqui de casa, pois minha vizinha, Annie, havia resolvido que queria meu irmão alguns minutos antes, na sorveteria. Então subi aqui pro meu quarto com alguma desculpa idiota.
A música me fazia lembrar bastante da Annie. Ela havia selecionado a música como meu toque de celular para quando ela estivesse ligando. Tão conveniente.

"...You might think I'm incapable of loving a soul like yours. You might think I'm a fool for you..."

Isso era surpreendentemente verídico. Annie chegou mesmo a suspeitar de que eu estava apaixonado por ela, mas despistei, dizendo que estava apaixonado pela irmã dela. Eu não queria ser um obstáculo no caminho da Annie, pois achava que ela sentia alguma coisa pelo meu irmão mais velho. Sempre achei que eu nunca seria suficiente.

"...'cause girl, you got style, and that's what I love about you. the way that you sit back, oh, how you sit back, and watch this grow..."

É, Annie sempre foi muito diferente das outras. Nunca fui de ter muitas amigas, mas ela era visivelmente melhor que qualquer uma. Não ligava para o que os outros iriam pensar dela, andava por aí olhando para tudo e todos com aquele olhar enigmático que só ela sabia fazer, às vezes dava um meio sorriso. A verdade é que ela dava a impressão de sempre estar ciente de tudo.

"...you got dreams, and therefore I believe in you. All the small town people with their big remarks ain't got jack to say about my movie star, she's got style..."

Isso também. A cidade em que morávamos não era tão pequena, mas Annie era de vanguarda. Nunca se contentou com as opções daqui. Depois de fazer 16 anos, resolveu viajar pelo estado inteiro, e me arrastou junto em todas as viagens. Isso mexeu bastante com a imagem dela, as pessoas a viam como "moderninha" e essas idiotices de gente que mora em cidade pequena, mas eu sempre a admirei bastante. Ela tem estilo.
A música continuava tocando e eu me perguntava por que ela me ligava, se estava no andar de baixo da minha casa. Eu não ia atender. Privei-me de ouvi-la falar sobre o quão demais e maravilhoso meu irmão, galinha e estúpido, é. Esse relato inteiro é incrivelmente clichê e previsível, e pra fechar com chave de ouro: o Marcelo não merece a Annie. E meu celular havia parado de tocar.
Ouvi um barulho estranho vindo lá de fora. Olhei para baixo. Era Annie, e ela aparentemente estava discutindo com meu irmão. Ela gritava e gesticulava, enquanto ele ficava na defensiva, de braços cruzados, e feições irredutíveis. O que aconteceu?

domingo, 24 de outubro de 2010

- pelo ponto de vista de tiago -

- Então você pode contar qualquer coisa pra mim, e eu pra você? - Annie disse, parecendo um pouco nervosa.
Estávamos sentados, Annie e eu, numa sorveteria em frente à casa dela - que era ao lado da minha -, ainda de mochila nas costas, pois tínhamos acabado de chegar da escola. Ela faz o estilo "dezessete anos e fugiu de casa", e eu finjo que também sou assim, meio que "odeio ficar em casa, me sinto preso, sou rebelde". Ela gosta.
Eu não sabia muito bem o que responder. Eu não sabia aonde ela queria chegar, e dependendo da minha resposta, ela podia interpretar as coisas de uma forma errada. Darei uma resposta vaga, então, assim ela pensa o que quiser.
- Sim, claro. Você sabe que eu te considero demais... - foi a minha resposta. Não sei se foi impressão, mas eu poderia jurar que ela pareceu meio tensa ao ouvir minhas palavras. Eu disse algo errado?
- Certo. - ela respondeu. Não sei se estava tão certo assim. Ela parecia nervosa comigo. Aliás, eu não sei, ela parecia nervosa, mas ao mesmo tempo estava totalmente corada; estava com os punhos cerrados, e ao mesmo tempo, balançando a perna de nervosismo. - Em quem você está pensando? Em alguém que você odeia, certo?, julgando pelos seus punhos cerrados e seu anel do humor. Preto.
Adoro observar o efeito que minhas frases têm sobre ela. Ela parece realmente afetada pelo que eu digo, de vez em quando. O que é estranho, pois Annie sempre se comportou de forma tão... descolada. Não sei. Gosto de balançar com sua cabeça.
- Só fica preto quando estou com você, trouxa. - Ela respondeu. Eu sabia que era verdade, ela sempre faz questão de me mostrar seu anel do humor quando estou com ela. - Acho que eu te odeio, então.
Não gostei de ouvir isso. Ela sempre dá um jeito de sair por cima. Que irritante!
Então, como vingança, fiz uma cara de "cachorro abandonado", como Annie gosta de chamar, que eu sabia que ia mexer com ela. Sou bom ator, então forcei algumas lágrimas, e pronto. Pude ver a raiva se esvaindo dos olhos dela. Então lancei a bomba.
- Mas eu acabei de dizer que te considero tanto... - Disse, olhando para meus pés. Típico coitado.
Mas depois de a raiva ter se esvaído, foi como se ela tivesse voltado com mais força ainda. Parecia que a Annie estava se controlando para não me dar um soco. Foi frustrante. Plano fracassado.
- Você sabe que pode me contar o que tá acontecendo, né? - Disse. Foi minha última tentativa de absolvição. Joguei essa frase acompanhada do meu sorriso mais sincero.
- Nada - Annie respondeu. - É que eu estava só mentalmente constatando que eu nunca soube por quem você está apaixonado.
Ah, agora já era. O que eu respondo? Tenho que dar um jeito de deixá-la com a ilusão de controle da situação.
- Ah - eu disse, fingindo-me de surpreso. - Achei que você soubesse.
Isso não era completamente falso. Eu realmente sempre achei que ela soubesse por quem eu sou e sempre fui apaixonado. Olhei para a casa dela. Quantas vezes eu já não fui lá, fiquei conversando com a irmã mais nova, só para fazer a Annie perceber o quão bom partido eu sou, comi o brigadeiro que ela faz, ajudo com a lição de casa, saio para passear com os cachorros, faço de tudo. E não faço isso por mais ninguém.
Mas então ela interpretou meu olhar de forma errada.
- Eu sabia! - ela levantou, apontando pra mim, e depois para a casa dela, e depois pra mim. - VOCÊ GOSTA DELA! Eu achava que você ia lá em casa porque gostava de mim e do meu brigadeiro, MAS ERA SÓ PRA FICAR PERTO DELA! - Ela apontava para sua irmã mais nova. Abaixei a cabeça. Que ótimo. Bom, é isso o que ela quer enxergar. Então eu percebi. Ela olhava para meu irmão. Que droga. Ela gosta dele, claro que gosta dele. E ele gosta dela, também. Por mais que eu ache que ele não presta, não posso controlar com quem ela deve ficar ou não.
- Vai lá. - eu disse. - Antes que ele pense alguma coisa sobre... hum, nós.
Ela me lançou um olhar que podia ser interpretado como um típico "valeu, cara". Eu sei que todas as garotas preferem meu irmão. Ele faz o tipo bonitão, pegador, estudioso da faculdade. Como competir?
- Fico feliz que nós não somos mais um daqueles casais adolescentes que aparecem em clipes de cantoras loiras que cantam Pop - disse, tentando parecer indiferente.

Tocava a música "She's Got Style" na sorveteria. Segurei a lágrima que teimava em escorrer pelo meu rosto.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

mais um (a)típico conto adolescente,

(não sei de onde eu tirei coragem pra escrever e postar esse conto besta)

- Então você pode contar qualquer coisa pra mim, e eu pra você? - Eu disse, temendo pela resposta.
Estávamos sentados, Tiago e eu, numa sorveteria em frente à minha casa - que era ao lado da dele -, ainda de mochila nas costas, pois tínhamos acabado de chegar da escola. Nós dois fazemos o estilo "dezessete anos e fugiu de casa", pois ambos odiamos passar muito tempo em nossas respectivas.
- Sim, claro. Você sabe que eu te considero demais... - ele respondeu. Foi difícil não desmanchar meu sorriso. Aquela adrenalina, que percorreu o meu corpo durante os segundos relutantes entre a pergunta e a resposta, agora era uma onda fria de decepção. Não era nem frustração.
- Certo. - Respondi. De certa forma, seria estranho se não pudéssemos contar um com o outro, ele é meu vizinho desde que eu me entendo por gente, temos tanta coisa em comum.
- Em quem você está pensando? - Ele disparou, para minha surpresa. Devia ter percebido que eu estava corada. Nunca fui muito boa em esconder emoções, ainda mais dele. - Em alguém que você odeia, certo?, julgando pelos seus punhos cerrados e seu anel do humor. Preto.
- Só fica preto quando estou com você, trouxa. - Eu disse. E era verdade. - Acho que eu te odeio, então.
Então ele fez A cara. A cara matadora, que sempre conseguia o que queria. Eu não poderia resistir. Sem chance. Seus olhos castanhos ficavam ainda mais realçados com as lágrimas forçadas. A típica cara-de-cachorro-abandonado. Tão doce.
- Mas eu acabei de dizer que te considero tanto...
Me deu uma vontade tremenda de virar os olhos e esmurrar o nariz dele. Era justamente por isso que eu estava nervosa. Idiota. Talvez eu realmente o odiasse.
- Você sabe que pode me contar o que tá acontecendo, né? - Ele disse, e me lançou aquele sorriso que era só dele.
Acho que a maior realização de uma garota seria conseguir fazê-lo sorrir daquele jeito para ela, por ela.
- Nada - respondi. - É que eu estava só mentalmente constatando que eu nunca soube por quem você está apaixonado.
Eu não sei por que pergunto essas coisas! Maldita impulsividade. Não era a hora certa, ainda.
- Ah - ele aparentemente foi pego de surpresa. Acho que isso é bom. - Achei que você soubesse.
Opa. Isso eu não sei como interpretar. Pelo jeito é alguém óbvio. Ele é tímido, então deve ser alguém que ele conhece faz tempo.
Então eu o olhei. Olhei de verdade. E vi para onde ele estava olhando.
Pra minha casa. O olhar dele estava mirado na minha irmã mais nova. Um ano mais nova, só.
- Eu sabia! - Eu levantei, apontando pra ele, e depois pra minha casa, e depois pra ele. - VOCÊ GOSTA DELA! Eu achava que você ia lá em casa porque gostava de mim e do meu brigadeiro, MAS ERA SÓ PRA FICAR PERTO DELA!
Ele corou e abaixou a cabeça. Suspirei de alívio. Meu plano cupido havia funcionado. Eu temia que ele gostasse de mim, mas, afinal, eu sou só a melhor amiga. Então me peguei olhando pro quintal da casa dele. Pro irmão dele, que nos encarava com um olhar distante... Na verdade, quando nossos olhares se cruzaram, ele pareceu confuso e até um pouco triste. Senti a repentina vontade de sair correndo e abraçá-lo.
- Vai lá. - Tiago disse. - Antes que ele pense alguma coisa sobre... hum, nós.
Lancei-lhe um olhar cúmplice. Quero dizer, Tiago é uma graça, mas nem se compara ao seu irmão, Marcelo, que faz faculdade há dois anos, já.
- Fico feliz que nós não somos mais um daqueles casais adolescentes que aparecem em clipes de cantoras loiras que cantam Pop - Tiago disse. Sim, analisando bem, seríamos o típico casal de melhores amigos que demoram pra assumir que gostam um do outro.

Totalmente chato.

Porque, cá entre nós, o Marcelo...

domingo, 17 de outubro de 2010

estereótipos

Cansei de pré-julgamentos, pré-conceitos, estereótipos, cansei disso tudo.
Primeiro porque eu nunca consegui me encaixar (completamente) em nenhum dos estereótipos que eu conheço (e por mais que eu ODEIE estereótipos, eu me sentiria um pouco melhor sabendo que eu me encaixo em algum lugar, pois afinal, sou adolescente e estúpida), e segundo porque, toda vez que dizem que eu pareço me encaixar mais ou menos em um grupo ou outro, sempre tem algo de muito errado comigo que impede que esse grupo seja 100% certo pra mim.
Explico.
O estereótipo que eu conheço para intelectuais são aqueles que gostam de: branco e preto, café e romances russos densos e músicas que ninguém conhece; são anti-sociais, anti-tudo, cínicos, sarcásticos e tratam mal as pessoas; são ateus; fumam. E são cercados de pequenos fãs que idolatram todo o cinismo, a grosseria e a exclusão social. Acham tudo isso muito lindo. Isso é que é ser intelectual hoje e...
Não, pera aí... não.
Quem disse que pra ser intelectual ou ligado no que acontece, precisa ser ateu, anti-social e só ler/ouvir coisas que ninguém conhece? Qual o problema em ser um indivíduo sociável, que tem amigos, que vez ou outra assiste a um blockbuster ou lê um best-seller? Eu falo mal SIM de muitos deles, mas eu não falo nada sem ter antes visto ou lido. Outra, socializar-se não é a mesma coisa que corromper-se. Quem torna-se anti-social, na minha opinião, é inseguro dos próprios valores e/ou tem medo de mudar de ideia por ser influenciado por quem está ao redor.
Quando você é cínico e rude com outra pessoa, por que isso te torna melhor? Por que o ato de saber ser grosso com outras pessoas e 'dar foras' é considerado uma habilidade? Não é muito melhor saber fazer um elogio? Acho que quando você não tem nada de bom para dizer é melhor não dizer nada; se for criticar, faça uma crítica construtiva. Destruir o caráter de uma pessoa sem motivo é tão triste e baixo. As pessoas apreciam quando são elogiadas e incentivadas. E algumas pessoas realmente têm gosto por conversar com os tidos por 'intelectuais' só pra se sentirem piores que os mesmos. E isso é normal e...
Não, pera aí... não. Isso é doentio e masoquista.
Mas o que mais me irrita é o fato de que todo intelectual precisa ser ateu. Que raio de pessoa disse que acreditar em qualquer Deus que seja é burrice ou ignorância? Só porque eu acredito em Deus não significa que eu concordo com tudo que a Bíblia diz, que eu acredito cegamente em 'milagres', que eu duvido da ciência. Muitas pessoas criticam a Bíblia e Deus sem conhecer, e usam desculpas do tipo 'se Deus existe, então por que ele permite tanta violência no mundo?'. Eu poderia escrever uma dissertação sobre o assunto, mas vou me limitar a dizer que isso é falta de conhecimento; e nem tudo que está escrito na Bíblia pode ser LITERALMENTE interpretado.
Acho que todo e qualquer tipo de estereótipo é errado, pessoas NÃO SÃO PRODUTOS para serem rotuladas, por mais ignorante ou fútil que uma pessoa pareça, eu acho que NUNCA ela pode ser chamada de APENAS um ou outro estilo ou estereótipo. Isso pode até prejudicar na formação dela como indivíduo, limitando-se a apenas uma opção de vida ou existência.

E eu tenho muitos amigos, já assisti aos três High School Musical e sou simpática com todos que vierem conversar comigo, obrigada.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

violência

Nove horas da noite. Carlos está quase chegando ao carro, onde sua mulher, Júlia, o aguarda, no banco de trás. Ele havia estacionado numa esquina escura. Vem chegando perto dele um jovem de gorro e calças largas. Carlos suava frio.
- Ô moço, dá licença...
- Tudo bem. Tudo bem, já entendi. É um assalto. Mas eu não tenho nada. Estou sem carteira. Quer conferir? Deixei dentro do carro. Só não quero que ninguém se machuque.
- Não moço, eu só queria...
- Entendi. Você quer a carteira. Vamos entrar no carro, então. Sem violência. Eu te dou o dinheiro que tenho na carteira.
- Mas...
- Pode entrar, meu filho. Eu não tenho arma nenhuma.
O jovem olha para o carro, confuso.
- O que foi, jovem? Quer conferir? Certo, vamos conferir. Olha, o porta-malas. Não tem nada além de compras. Quer alguma coisa? Comprei cervejas...
- Carlos, o que está acontecendo? - Júlia diz, desnorteada.
- Nada, meu bem, o jovem aqui é uma vítima da sociedade... - Carlos diz, balançando a cabeça e colocando sua mão no ombro do jovem. - Vamos pegar a carteira.
- Não, moço, não é isso, eu só queria...
- Quer o meu relógio, também? E as jóias dela? São todas falsas, apenas folheadas. Tome. Aqui. É todo o dinheiro que tenho. Pegue, meu filho, pegue o dinheiro e o meu relógio e vá comprar comida! - Carlos dizia e ia empurrando o jovem pela rua.
O jovem ficou encarando-o.
- Eu não vou chamar a polícia. Fique com meu celular também. Aqui. Pronto. Sem violência, certo?
O jovem observou o carro sair disparado, e olhou o relógio de Carlos.
- Eu só queria saber as horas.

No dia seguinte, Carlos e Júlia se gabavam de como lidaram bem com a situação, ficando com a maior parte do dinheiro (que estava na bolsa de Júlia), com as jóias (que eram verdadeiras) e que o relógio era apenas uma réplica. E de não terem usado violência.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

voto branco, voto nulo

"Não concordo. Acho que você deveria se informar um pouco melhor antes de discutir um tema tão batido como política. Falar "Quem votou no tiririca é burro" é fácil. Vamos lá: 1-Votos nulos e brancos são a mesma coisa, segundo o TSE, desde 2006 ou 2007, não sei ao certo. 2-Votos nulos NÃO ANULAM eleição. Votos ANULADOS, que ocorrem quando um candidato tem sua candidatura cassada, ou votos inválidados por alguma razão(por exemplo, o fato de ser analfabeto), anulam eleição. Você se contradiz. Diz que é a obrigação dos maiores de 18 votarem, mas, defende o voto nulo e mete o pau nos votos no Tiririca. Estranho. Penso que votar nulo é se ausentar das decisões políticas. Afinal, dentre 1170 candidatos a deputados federais, você não encontraria UM que tem propostas para você? Encontraria, caso pesquisasse e fosse interessada em política. No mais, pelo menos você não vota no Tiririca, e tem boas intenções com o texto. parabéns"

Pra começar: no meu texto NÃO ESTÁ especificado a minha insatisfação por não encontrar um candidato. No meu texto, eu não disse que não teriam candidatos a deputado federal para votar, dentre as opções. Afinal, as eleições foram também para governador, presidente, deputado estadual e senador. Basta ler o texto com atenção, usando um pouco das regras da interpretação de texto que as idéias se tornarão mais claras. :)
"Você se contradiz. Diz que é a obrigação dos maiores de 18 votarem, mas, defende o voto nulo": Isso não é uma contradição. Votar nulo também é votar, é um voto de protesto.
E agora, pra mostrar que o que eu falo tem alguma base. Eu faço pesquisas antes de escrever qualquer coisa.

"Art. 224. Se a nulidade atingir a mais de metade dos votos do país nas eleições presidenciais, do Estado nas eleições federais e estaduais ou do município nas eleições municipais, julgar-se-ão prejudicadas as demais votações e o Tribunal marcará dia para nova eleição dentro do prazo de 20 (vinte) a 40 (quarenta) dias."

Voto em branco x Voto Nulo. Esses links são do site de busca do TSE. :)

Eleições 2010

Não vou falar que não gostei do resultado das eleições. Não é preciso. Primeiro que é redundante eu dizer que não concordo com alguma coisa, e segundo que o resultado geral das eleições foi um reflexo da hipocrisia, estupidez, ignorância e negligência das pessoas que dela participaram. Mais precisamente, das 1.353.820 pessoas que votaram no Tiririca, equivalendo a (6,35%) dos votos válidos, de uma lista de 1170 candidatos a deputados federais, de um total de 21.317.327 votos. Eu acredito que quem votou nulo - 2.149.100 votos, equivalente a 8,49% - tem mais opinião e leva a política brasileira mais a sério do que quem votou no Tiririca.
(E o Acre, hein? Que vergonha. O acreano votou mais no tucano do que em sua conterrânea Marina Silva.)
Eu não tenho preconceito NENHUM contra o Tiririca. Ele quis se candidatar, ótimo pra ele, democracia é isso, governo de todos. Diferente de muitos políticos que são formados, estudados, mestrados, doutorados, o Tiririca não tem um histórico de corrupção. Passou pela lei da Ficha Limpa. Em sua campanha, ele não nos prometeu várias coisas que não vai cumprir, ao contrário; ele foi o mais honesto e brasileiro possível. "Sabe o que um deputado faz? Eu também não! Mas vota em mim que eu te conto!". Sem comentários.
Visto que essa foi a campanha do Tiririca, o que leva um cidadão a votar nele? O que o indivíduo acha que ele poderá fazer atuando como deputado federal? Ele foi eleito, logo, a ÚNICA explicação plausível é que ele é perfeito para seu cargo porque, dentre todos os candidatos, ele realmente representa perfeitamente a parcela da população - que não é pequena - que nele votou.
Mas sempre tem quem diga "votar no Tiririca é um voto de protesto". Não. Votar no Tiririca é BURRICE. É negar o seu direito de mudar o cenário político brasileiro. Votar NULO é um gesto de protesto, porque, diferente do que muitos acham, votar NULO significa que, na sua opinião, não há candidatos satisfatórios ou aptos para atuarem no cargo para o qual estão disputando. Tanto que, segundo o Código Eleitoral Brasileiro, se os votos nulos atingissem a marca de 50%, uma nova eleição deveria ser feita, e quem havia se candidatado na antiga não poderia participar da segunda.
OU SEJA, VOTAR NULO NÃO SIGNIFICA NÃO PARTICIPAR. NÃO PARTICIPAR É VOTAR BRANCO!

E, pelo menos pra mim, é ÓBVIO que votar deve ser obrigatório. É obrigação de todo e qualquer indivíduo com mais de dezoito anos ajudar a decidir quem estará no comando do país, do estado, da cidade, do bairro. Nós vivemos em sociedade, e devia ser nosso dever sempre aspirar por uma política de estado melhor e indivíduos melhores representando a população. Não é porque o nosso sistema é uma democracia que algumas coisas não devem ser obrigadas. Se não fosse proibido passar no sinal vermelho, podem apostar que muita gente não respeitaria... Se não fosse obrigatório votar, muita gente se ausentaria e taparia os olhos para a política. A obrigatoriedade do voto faz com que os cidadãos alienados prestem atenção durante alguns minutos, uma vez a cada quatro anos, e considerem o que seria bom e o que não seria bom para o país. Mas obviamente que, se todos fossem ligados em política o tempo todo, não haveria eleição coisa nenhuma porque todos votariam nulo.

Mas de uma, UMA coisa eu gostei nessa eleição, e foi justamente a quantidade de votos nulos. No estado de São Paulo, cujas opções para Senador não eram lá das melhores, votos nulos atingiram a marca de 16,25%, o que dá 8.224.020 de votos. Para deputado estadual, foram 2.152.147 votos, 8,50%. Para governador, 1.326.601 votos, 5,24%. E para presidente, 6.124.254 votos, 5,51%.

E não, não vou falar em quais candidatos eu teria votado. Mas posso afirmar que não teria votado no Tiririca.

P.S.: o que eu falo tem fundamento. Sobre a nulidade dos votos:
"Art. 224. Se a nulidade atingir a mais de metade dos votos do país nas eleições presidenciais, do Estado nas eleições federais e estaduais ou do município nas eleições municipais, julgar-se-ão prejudicadas as demais votações e o Tribunal marcará dia para nova eleição dentro do prazo de 20 (vinte) a 40 (quarenta) dias."