sexta-feira, 15 de março de 2013

sobre nada, talvez

Eu preciso muito resolver esse meu problema de só conseguir escrever quando não tenho mais nada pra fazer ou quando estou muito triste/angustiada/ansiosa ou quando tenho ataques de inspiração.
Às vezes acho que meus textos são todos iguais e que qualquer coisa que eu escrever, de narração, vai ser uma releitura de algo que eu já escrevi. Eu sei que a literatura é isso, não é?, quero dizer, releituras sob diferentes pontos de vistas dos mesmos temas: amor, raiva, angústia, traição, vingança, decepção. Mas eu queria saber escrever sobre coisas diferentes.
E eu acho que eu não vou ter mais tempo pra escrever, de fato. Eu tinha me comprometido comigo mesma de escrever uma vez por semana, mas acho que não vai dar. Como eu já devo ter escrito aqui, fui aprovada em direito na FDRP e o curso é integral. Fico na faculdade literalmente o dia inteiro, todos os dias, com exceção de sexta, e não tenho tempo pra fazer mais nada além de ler. A estudar o dia inteiro eu estou acostumada, mas a ter que ler tanto todos os dias, não.
Por mais estimulante que a faculdade seja, eu não acho que tenho conteúdo o suficiente ainda para escrever um texto com base jurídica ou mesmo filosófica, epistemológica.
E eu sinto falta de escrever, de ter o que escrever. É que eu me condicionei a fazê-lo para não enlouquecer, como disse já várias vezes. Escrever é e sempre foi minha terapia. O teclado e a página de postagens do blogger eram meus terapeutas e me faziam ingressar em viagens introspectivas que eu não conseguiria fazer sozinha. Mas é claro que você só questiona suas existência e condição quando você está triste, melancólico, miserável, basicamente. E eu agora estou feliz. Estou gostando muito mais do curso do que eu achei que fosse gostar. Tenho conhecido pessoas realmente fantásticas. Estou estudando algo de que gosto. Tenho estímulos intelectuais todos os dias. Minha vida virou de cabeça pra baixo - eu precisava muito disso, e estou adorando essa montanha-russa de sentimentos, pensamentos e planos.
É claro que estou confusa. Muito confusa. Mesmo estando há apenas duas semanas na faculdade, senti que já mudei. Quando olho para a Bruna de três meses atrás, de seis meses atrás, sinto que algo se perdeu e outro algo entrou no lugar. Não me sinto mais a mesma. Acho que amadureci. Tenho tido necessidades diferentes no âmbito de relacionamentos (tenho buscado outras coisas nas pessoas que conheço), tenho tido necessidade de ser vista e de ser tratada de forma diferente, tenho tido necessidade de consumar essa mudança. E não que seja difícil, é extremamente prazeroso, mas toda mudança é complexa.
É engraçado.
Sempre gostei de escrever (e sempre escrevi) muito sobre perdas. Mas eu não sei o que falar sobre ganhos. Não sei expressar. Falo tão bem de miséria, tão fluentemente, mas ainda não domino a linguagem da felicidade. Literalmente, mesmo. Acho que meu conhecimento de adjetivos ligados à tristeza vai muito além das palavras que eu conheço pra definir felicidade. Se bem que até que faz sentido. Quero dizer, se se está feliz, se está feliz e pronto, ponto final. Felicidade não pede mudança. Mas a tristeza pede definição, demarcação de território, para se saber exatamente o que precisa ser mudado. Ela é tão mais interessante, não? Tão mais rica e é um combustível tão mais eficiente.
Mas enfim. De vez em quando recebo comentários pedindo que eu escreva. Comentem com dicas de temas ou de assuntos sobre os quais vocês gostariam de ler e eu sobre ele escreverei. Quem sabe assim eu não me distraio um pouco da bolha acadêmica em que estou entrando. Certo? Espero que sim.


p.s.: ask me

5 comentários:

Anônimo disse...

Eu leio o seu blog desde 2009/2010 mais ou menos. Antes, eu concordava com você em quase tudo, e as coisas que você escrevia sempre me ajudou muito a refletir, mas eu passei por fases como essa sua, como várias fases que você já passou e quase todo mundo passa. Hoje eu discordo de realmente muita coisa que você pensa e pensava, mas o mesmo sentimento que eu tinha de ler os seus textos e passar o resto do dia ou da note pensando, ainda tenho.
E muita coisa do que já escrevi e pensei, teve alguma influência direta ou indireta sua.

Eu ainda não tenho nada para te sugerir para escrever, mas eu também ficaria muito contente se você voltasse aqui com mais frequência. Mesmo não concordando com você em muita coisa.

bruckz disse...

Eu fico realmente feliz de ler isso, e gostaria de saber exatamente de que você discorda, trocar uma ideia, ver outro ponto de vista. Pode escrever por aqui ou no meu ask ->.
eu também gostaria de saber quem é você, já que você diz que eu influenciei seus escritos e pensamentos. mas se você não se sentir confortável, tudo bem.

novamente, fico muito feliz por fazer você pensar, e muito obrigada por me acompanhar por tanto tempo. de verdade. <3

Anônimo disse...

Olá, sobre essas coisas que eu discordo de você, acho que tem uma coisa gritante. Você tem escrito muito sobre isso, por isso lembrei mais rápido, e é a faculdade, o ensino baseado em instituições. Até hoje eu entendi que você é a favor disso, e eu não sou da favor da faculdade e de qualquer outro tipo de instituição. Não sou a favor de sentar em fileiras e aceitar o que é falado por um "mestre".

Essa minha opinião ainda está na minha cabeça de uma forma não tão concreta assim, quero dizer, eu ainda tenho pensado muito sobre isso e sei que é um pensamento mutável, por isso queria saber sua opinião também. Eu vou perguntar sobre isso no ask.

E sobre eu me identificar, acho que vou pensar um pouco melhor sobre isso.

Anônimo disse...

Adorei que voltou a escrever =)

A minha dica num é sobre um assunto específico e sim sobre vc. Fale mais sobre vc, seu dia a dia, suas experiências na faculdade, etc.

Bj!

Anônimo disse...

Ah, sobre assuntos mais pessoais, que lidam sobre como somos como pessoas acho muito mais difícil discutir e também de dizer se concordo com o seu jeito de ver as coisas ou não, pois eu nem ao menos te conheço.
Mas de toda forma, eu li no ask o que você disse, e a minha realidade é um pouco diferente, eu sempre estudei em escola pública. Meu ensino fundamental foi todo em uma escola municipal (uma das melhores da minhas cidade, mas ainda assim municipal), e estou terminando o meu ensino médio em uma escola estadual.
Já fiz cursinho e coisas assim em uma escola particular e eu realmente acho que muita coisa do que você vê, você veria de maneira diferente se estudasse um mês na escola que estou hoje.
A estrutura física da escola chega a dar insegurança para os alunos, chove dentro das salas e uma vez uma lâmpada quase caiu na minha cabeça, sem nada acontecer.
Sobre a metodologia de ensino, eu também discordo totalmente sobre o ensino ser voltado totalmente para as provas de vestibulares, ENEM, avaliações seriadas ou qualquer outro meio de se entrar na faculdade. Mas ainda assim, raramente temos um professor que consegue passar algum conhecimento útil para os próprios vestibulares!
E sobre a faculdade, ainda não tenho nenhuma experiência de estudar lá dentro, mas conheço alguém muito próximo de mim que chegou a estudar por um tempo, ele me especificou como é. E a minha opinião sobre a mesma, é muito mais sobre a forma como a faculdade é tratada do que a forma de ensino.
Por exemplo (tomo como base a grande maioria das pessoas que estudam comigo), as pessoas estudam para entrar na faculdade e fazem a faculdade para ganhar mais dinheiro, e ganham mais dinheiro para (principalmente) colocar seus filhos na faculdade e ter um lugar melhor para morar e andar com um carro melhor...
No meu caso, além de ser contra a essa imposição de ter que fazer faculdade para conseguir uma "vida melhor", não tenho cursos públicos na minha cidade da área que eu gosto, eaí, eu vou morrer de fome porque o estado e a sociedade colocaram como regra que eu tenho que fazer faculdade?
E mesmo que eu não morra de fome por causa disso, vou ter que passar por um caminho muito mais difícil porque eu simplesmente não gosto do que oferecem?

Cadê a minha liberdade de escolha? E se eu escolher o que eu quiser, terei que passar por algo mais difícil porque eu simplesmente não escolhi o que eles queriam?