Cara, 23 de dezembro de 2012.
Não sei o que me deu pra escrever aqui. Acho que saudades. Culpa por não ter escrito durante tanto tempo. Vontade de escrever pensamentos regurgitados sem precisar colocá-los em ordem. Nostalgia de ouvir o barulho do bater incessante no teclado .
Mas eu gosto de fazer um balanço de final de ano.
Esse ano foi bem diferente do que eu esperava.
Conheci pessoas novas, entre elas, uma que me fez muito bem. Fiz novas amizades, fortaleci outras mais antigas. Surtei muito. Decidi o que queria prestar, mudei de ideia, me decidi de novo, fiz inscrição, não dava mais pra voltar atrás. Ultrapassei meus limites físico-psicológicos ao estudar. Consegui achar certo tempo pra diversão. Não consegui achar tanto tempo para leitura. Não consegui achar fôlego pra me distrair a ponto de criar uma estória e postá-la aqui, apesar de constantemente inventar situações, inícios de contos, personagens, paisagens, momentos. Decepcionei-me comigo mesma quanto a isso. Amadureci muito. Mudei de opinião algumas vezes, conheci outros pontos de vista, identifiquei-me com uma filosofia ou outra. Percebi como algumas opiniões vêm da maturidade. Percebi como algumas atitudes vêm da maturidade. Vez ou outra quis desistir. Senti falta de não viver em função de algo tão prático. Senti falta do lirismo. Fiquei (e estou) de saco cheio de ciências. Senti falta de ter um momento em que não precisasse fazer nada e pudesse só olhar pro céu. Senti falta do cheiro da chuva. Senti falta de nadar. Senti saudades do frio. Viajei. Sinto falta do Rio de Janeiro. Frustrei-me mais com Ribeirão Preto. Frustrei-me mais com as pessoas de Ribeirão Preto. Percebi que Ribeirão Preto é assim e não tem jeito. Pintei o cabelo diversas vezes. Mudei completamente de estilo de roupa. Cansei de ser chamada de "adolescente" e de não ser levada a sério. Cansei dessas pessoas que subestimam as outras por estas não terem graduação ou idade. Cansei de gente que acha que entende de literatura, cinema ou filosofia por ter lido um livro, visto um filme, lido um ensaio. Cansei de muita coisa, percebi que minha revolta não é evanescente. Quis dormir.
Quero dormir.
Quero paz. Não paz sinônimo de prosperidade econômica ou afetiva, mas paz de saber que estou no caminho certo, que vai dar tudo certo, que eu vou conseguir, que eu não vou estar sozinha, e que não vai me prejudicar se eu quiser tirar um dia pra deitar no quintal de casa e ficar olhando as nuvens indo de um lado a outro.
Quero viver por mim, não pela sociedade.
Quero conhecer (mais) gente que me aceite como sou, revoltada, chata, nerd e deslocada.
Quero ler mais.
Quero ser menos egoísta, menos impulsiva, menos dramática, menos ansiosa.
Quero voltar a escrever. Quero ter tempo pra voltar a escrever. Quero voltar a ter disposição pra voltar a escrever. Quero não precisar ter de escrever mais nenhuma dissertação na minha vida.
Eu preciso, preciso muito resgatar pedacinhos de mim que foram fragmentados e empoeirados ao longo do ano. Porque precisar decorar zoologia animal fez anular a bruna espontânea. Porque decorar a lei dos cossenos fez anular a bruna lírica. Porque decorar a geografia da China fez anular a bruna inventiva, imaginativa. Porque esse ano me estragou completamente.
Não respirei. Respira. Respiro.
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