terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

crônica - final

APESAR de ter decidido ir à psicóloga, acabei não realizando meus planos. Minha mente tem estado muito conturbada. Eu precisava esvaziá-la de alguma forma. Então comecei a escrever um tipo de um diário. Nele eu escrevia devaneios, reflexões, idéias, dúvidas e crises. Foi realmente bem útil pra tentar colocar minha cabeça no lugar, mas acho que já era tarde demais pra isso.

Comecei a me dar conta de que eu estava ouvindo vozes demais. Vozes na minha cabeça, diferentes pontos de vista. Vozes que se pareciam com os repórteres da televisão, que me jogavam informações, números de mortes, acontecimentos, tragédias, estatísticas. Vozes que me diziam o que pensar. E aqueles repórteres, os malditos repórteres! Estavam comigo em todo lugar! Comecei a me dar conta de que eu estava enlouquecendo.

Comecei a me dar conta de que eu estava ficando paranóico. Cada tilintar de pratos ou garfos era motivo pra me estressar, cada voz que não fosse a dos repórteres me dava dor de cabeça, cada novo problema que não fossem os noticiados na televisão me deixavam doente. Passei a não dar conta dos meus problemas pessoais. Passei a escutar mais aquelas vozes do que a minha própria consciência.

Então decidi fazer alguma coisa a respeito. Resolvi me desintoxicar da sociedade. Pois toda essa confusão, as vozes, as tão mencionadas vozes!, os problemas... tudo estava me consumindo, me desvirtuando, me corrompendo. Me enlouquecendo. Fiquei irracional. A sociedade me irracionalizou. Isso é um verbo? Deveria ser. Irracionalmente, me desfiz de toda essa irracionalidade...

Interprete como quiser.

Um comentário:

vmbsf disse...

A sociedade aliena, através das mídias diversas, que tanto informam quanto formam.Mas temos o livre arbítrio como uma faculdade mental a ser usada.
Continue se desfazendo do que a consome, sempre!