quarta-feira, 15 de setembro de 2010

sobre uma sociedade (i)moral

Certo. Estava eu a estudar filosofia, quando me deparo com alguns conceitos um tanto interessantes.

"Sujeito moral é aquele que é consciente; dotado de vontade e autonomia; responsável e livre."
"Ter consciência moral é ter capacidade de escolher, ter autonomia, questionar valores e pensar antes de agir. Agir com integridade. Implica em entendermos nossas ações como intencionais e voluntárias; sermos responsáveis por nossas escolhas. Integridade é a coerência entre nossos valores e nosso comportamento."

Eu particularmente adorei o conceito de integridade dado no livro. Mas enfim.
Se ter consciência moral implica em questionar valores, e não aceitar sem refletir o que nos é dado, dito, e apresentado; então a mídia e a televisão seriam os maiores criadores de seres imorais do mundo. O J.N. apenas vomita as informações em nossos ouvidos, e, sem nos dar tempo para refletir (as reportagens mais importantes não têm comerciais logo depois), mudam de reportagem, para algo menos sério ou importante. Todos aceitam as verdades ditas pelo Bonner como universais. Ninguém desenvolve sua consciência moral.
Se ter consciência moral implica em entendermos nossas ações como intencionais e voluntárias; por um lado não poderíamos culpar a mídia ou o J.N. pela alienação das pessoas, pois existem meios de se conseguir algo mais próximo da verdade. Qualquer um pode assistir a mesma reportagem por vários lados diferentes, seja assistindo a outro jornal, seja lendo na internet. Se o sujeito hipoteticamente diz "eu sou alienado por culpa do J.N." (sim, hipoteticamente, pois ninguém sabe quando é alienado), ele estará sendo imoral? Eu acho que sim. Ele não é alienado por fatores externos, e sim por uma escolha dele. Hoje todos têm acesso a toda a informação do mundo. Ele escolheu assistir ao jornal e ser alienado, ele escolheu não se informar sobre o assunto. É responsabilidade dele. Ele age assim intencionalmente e voluntariamente.

Se ter consciência moral implica em agir com integridade...
Essa parte, para mim, é a mais difícil. Retomando o conceito: "Integridade é a coerência entre NOSSOS valores e NOSSO comportamento". Logo, integridade está diretamente relacionada a nossa autonomia, que Kant contrapõe à heteronomia - que é o indivíduo estar sujeito à vontade de terceiros ou de uma coletividade.
Já deu pra entender a que ponto eu quero chegar?
Resumindo todo o meu ponto de vista, digo que a nossa cidade não é autônoma. É heterônoma.
Posso contar nos dedos as pessoas que agem com autonomia, integridade, e que não se deixam levar por vontades ou imposições de terceiros (sejam eles os amigos, a mííííídia - adoro falar mal da mídia - ou quaisquer outros).
Se ser moral implica em agir com integridade que implica em ser autônomo...
A maioria das pessoas que eu conheço age com heteronomia, o contrário de autonomia; logo, essas pessoas estariam agindo imoralmente. É lógica. Aristotélica, aliás.

É... dá bastante trabalho pensar.

Um comentário:

tetéu disse...

hahaha adoro seus comentários ácidos e cirúrgicos! O filósofo Raul Seixas disse: "Pena eu não ser burro; sofreria menos..."
Pensar é uma dor na alma... hahaha