O homem definitivamente é composto de várias facetas que coexistem - nem sempre em plena harmonia, mas coexistem, uma não anulando a outra. Definir-se como tendo uma, duas ou dez faces é limitar todo o processo eterno de formação e expansão de seus caráter, personalidade e alma. Por mais que alguns dos lados do indivíduo seja evanescente, efêmero; as características que o compõem não o são, e continuarão existindo, pertencentes a outras facetas, dissolvidas na imensidão de nosso universo particular.
Tendemos a achar que nossa personalidade é dividida em vários âmbitos, tipificados, com uma ou outra característica mais marcante, tornando assim mais fácil o processo de reconhecimento de tal faceta. Mas tal faceta não é composta por só uma característica, por só um tipo, por um só sentimento predominante. Há uma história por trás desse sentimento e dessa característica, há motivos por trás da determinação e da formação de tal face, tornando cada uma das faces uma micropersonalidade, uma ramificação da síntese personalítica - mas não menos complexa.
Sendo assim, quanto mais vivências, questionamentos, experiências, leituras, reflexões, situações, atritos, conflitos e decisões passamos ou temos de fazer, uma nova ramificação se forma, partindo da mesma raiz sólida e concreta que são nossos valores, princípios, ideais e sonhos.
Essa infinidade de lados existe por um motivo. Quanto mais rica a personalidade, quanto mais diferentes e variadas forem as formas de olhar para uma mesma questão; mais pertinente, útil e benéfica para todas as micropersonalidades a decisão final será - mas também mais difícil de ser feita e de ser aceita. Uma pessoa que não tem acesso ao conhecimento científico a respeito de tal doença aceitará a morte como sua única possibilidade e seu destino fatídico - é porque deus quis. Já quem tem acesso a todos os livros, bulas, teses e médicos possíveis fará o máximo para que haja outros caminhos, outras alternativas, uma sempre melhor que a outra.
E por mais que haja algum traço que não nos agrade em nossa personalidade - algum traço que não precisava existir e que continua lá, por algum motivo, como um vício -, ele é tão necessário para o processo de autodescobrimento quanto os traços que nos são úteis e que se sobrepõem aos outros. Justamente os de que não gostamos ou que não aceitamos em nós mesmos é que nos afastam das outras pessoas que possuem semelhantes. Quando aprendemos a lidar com o que nos incomoda - quando damos nomes aos nossos fantasmas - é que passamos a viver em harmonia com tal traço em nós presente.
Mas, no final das contas, sejam as ramificações evanescentes ou cicatrizes, o conjunto todo forma o sujeito, que dará frutos, responderá às estações e se desenvolverá de forma única e diferenciada.
Um comentário:
Muito bom o texto, sério. Gosto das relações presentes. Bem, é isso.
E você é linda. hehe.
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