quinta-feira, 18 de março de 2010

enxergar, ouvir, incomodar-se

Acho que o maior desafio que eu já encontrei em minha vida foi aprender a enxergar, e não só ver. Aprender a escutar, e não só ouvir. Aprender a me incomodar e demonstrar uma reação, e não só sentir. Não é bom SÓ escutar, SÓ enxergar e SÓ sentir. Deve ser horrível ser uma pessoa completamente sensível, sensitiva, sensibilizada. A dor deve ser muito grande. Acho que por isso as pessoas geralmente projetam uma barreira em torno de si, tornando o a realidade um plano inalcançável, impossível e insuportável.

A partir do momento que você deixa ou o orgulho, ou insegurança, ou o medo (de qualquer coisa) ou a expectativa de lado e passa a ver as coisas como são, de verdade, tudo fica mais simples. Não que isso torna o processo de viver menos doloroso - só o torna menos árduo. E eu não digo para apenas fazermos a escolha pela pílula vermelha - questões pessoais também precisam de atenção. Sabe, um tempo atrás eu acharia egoísmo meu me preocupar com que filme vou alugar no sábado enquanto tem gente que não tem nem televisão. Eu me martirizava por ligar pra questões tão ridículas, mas essas questões ridículas fazem parte da minha vida, e eu não posso ignorá-las. Eu passei a enxergar mais minha vida.

Não que eu não ache preocupante o fato de que a cada minuto cerca de 20 crianças morrem em todo o mundo. Mas o que mais eu posso fazer que não seja escrever falando sobre isso? Eu posso só segurar a minha lâmpada. Eu não tenho um diploma, não tenho mestrado ou doutorado, não escrevi nenhuma tese a respeito. Tenho só minha opinião, alguns números e um coração grande.

Não estou certa se eu devia ou não divulgar esse texto, mas é isso que eu penso. Aprendi a viver a minha realidade, e não a dos outros, por mais triste que seja. Espero que um dia eu possa mudar tudo aquilo que me incomoda ou que já me incomodou e acabar com a fome e sede no mundo, mas, por enquanto, eu sou só uma estudante do primeiro colegial que gosta de escrever e ouvir música barulhenta.

Um comentário:

Roberto Reis - Fala Baixo! disse...

Bruckz, gostei do seu artigo!
Vc possui opinião forte, personalidade e uma visão de mundo realista, e não utópica.
Concordo com o que vc falou em genero, numero e grau, pois penso assim tbm!
Mas, aprendi uma coisa: por mais insignificante que possa parecer meu esforço para mudar o mundo e sanar suas dores, eu continuo firme, fazendo a minha parte.
Meus parabéns ao cubo!

Visite meu blog:

http://falandubaixo.blogspot.com/

Um mega abraço!

=)