quarta-feira, 31 de março de 2010

carta aos robôs

Eu realmente te adoro. Adoro sua futilidade, adoro sua incapacidade de percepção do mundo de hoje, adoro a sua capacidade obtusa pra reconhecer a sua insignificância, adoro as coisas aculturadas que você lê, adoro os lugares com cheiro de vômito a que você vai, adoro as pessoas acéfalas com quem você fica, adoro as músicas mastigadas que você ouve, adoro sua falta de objetivos e desejos, adoro sua falta de admiração por sucesso profissional, adoro seu desprezo por notas altas, adoro seu desejo de ser como todos os outros, adoro seu conformismo, adoro o modo como você me olha como se eu fosse de outra galáxia, adoro sua roupa uniformizada, adoro a forma como você segue a moda, adoro como você aceita tudo o que te é dito e que te soa agradável como verdade absoluta.

É em pessoas como você, caro ser praticamente abiótico, que eu encontro forças pra nadar contra a corrente, pra me superar, estudar, não ter medo de ser eu mesma, pesquisar, me informar, desenvolver habilidades extra-curriculares, preocupar-me com meu futuro, não preocupar-me com o que os outros pensam. Afinal, por que razão eu deveria me preocupar com robôs uniformizados e sistematicamente programados pra repelir conteúdos diferentes? Seria um ato de extremo rebaixamento eu me sistemalizar, burguesalizar, modernizar, chame como quiser.

Dessistemalize-se.

3 comentários:

eryety disse...

falou tudo bruckz :)

vmbsf disse...

Filha querida, a verdade é que...uma nave a deixou na sacada do apartamento que morávamos.Sinto contar-lhe dessa forma!
Orgulho estupendo da minha alienígena!

Marina Silva e Siqueira disse...

ual