Nove horas da noite. Carlos está quase chegando ao carro, onde sua mulher, Júlia, o aguarda, no banco de trás. Ele havia estacionado numa esquina escura. Vem chegando perto dele um jovem de gorro e calças largas. Carlos suava frio.
- Ô moço, dá licença...
- Tudo bem. Tudo bem, já entendi. É um assalto. Mas eu não tenho nada. Estou sem carteira. Quer conferir? Deixei dentro do carro. Só não quero que ninguém se machuque.
- Não moço, eu só queria...
- Entendi. Você quer a carteira. Vamos entrar no carro, então. Sem violência. Eu te dou o dinheiro que tenho na carteira.
- Mas...
- Pode entrar, meu filho. Eu não tenho arma nenhuma.
O jovem olha para o carro, confuso.
- O que foi, jovem? Quer conferir? Certo, vamos conferir. Olha, o porta-malas. Não tem nada além de compras. Quer alguma coisa? Comprei cervejas...
- Carlos, o que está acontecendo? - Júlia diz, desnorteada.
- Nada, meu bem, o jovem aqui é uma vítima da sociedade... - Carlos diz, balançando a cabeça e colocando sua mão no ombro do jovem. - Vamos pegar a carteira.
- Não, moço, não é isso, eu só queria...
- Quer o meu relógio, também? E as jóias dela? São todas falsas, apenas folheadas. Tome. Aqui. É todo o dinheiro que tenho. Pegue, meu filho, pegue o dinheiro e o meu relógio e vá comprar comida! - Carlos dizia e ia empurrando o jovem pela rua.
O jovem ficou encarando-o.
- Eu não vou chamar a polícia. Fique com meu celular também. Aqui. Pronto. Sem violência, certo?
O jovem observou o carro sair disparado, e olhou o relógio de Carlos.
- Eu só queria saber as horas.
No dia seguinte, Carlos e Júlia se gabavam de como lidaram bem com a situação, ficando com a maior parte do dinheiro (que estava na bolsa de Júlia), com as jóias (que eram verdadeiras) e que o relógio era apenas uma réplica. E de não terem usado violência.
2 comentários:
foda!
sociedade covarde que tem medo de tudo ...
sinto muito, mas não vou ficar dentro de casa por causa da insegurança das ruas
gostei das palavras, gurias
Postar um comentário