quarta-feira, 6 de outubro de 2010

violência

Nove horas da noite. Carlos está quase chegando ao carro, onde sua mulher, Júlia, o aguarda, no banco de trás. Ele havia estacionado numa esquina escura. Vem chegando perto dele um jovem de gorro e calças largas. Carlos suava frio.
- Ô moço, dá licença...
- Tudo bem. Tudo bem, já entendi. É um assalto. Mas eu não tenho nada. Estou sem carteira. Quer conferir? Deixei dentro do carro. Só não quero que ninguém se machuque.
- Não moço, eu só queria...
- Entendi. Você quer a carteira. Vamos entrar no carro, então. Sem violência. Eu te dou o dinheiro que tenho na carteira.
- Mas...
- Pode entrar, meu filho. Eu não tenho arma nenhuma.
O jovem olha para o carro, confuso.
- O que foi, jovem? Quer conferir? Certo, vamos conferir. Olha, o porta-malas. Não tem nada além de compras. Quer alguma coisa? Comprei cervejas...
- Carlos, o que está acontecendo? - Júlia diz, desnorteada.
- Nada, meu bem, o jovem aqui é uma vítima da sociedade... - Carlos diz, balançando a cabeça e colocando sua mão no ombro do jovem. - Vamos pegar a carteira.
- Não, moço, não é isso, eu só queria...
- Quer o meu relógio, também? E as jóias dela? São todas falsas, apenas folheadas. Tome. Aqui. É todo o dinheiro que tenho. Pegue, meu filho, pegue o dinheiro e o meu relógio e vá comprar comida! - Carlos dizia e ia empurrando o jovem pela rua.
O jovem ficou encarando-o.
- Eu não vou chamar a polícia. Fique com meu celular também. Aqui. Pronto. Sem violência, certo?
O jovem observou o carro sair disparado, e olhou o relógio de Carlos.
- Eu só queria saber as horas.

No dia seguinte, Carlos e Júlia se gabavam de como lidaram bem com a situação, ficando com a maior parte do dinheiro (que estava na bolsa de Júlia), com as jóias (que eram verdadeiras) e que o relógio era apenas uma réplica. E de não terem usado violência.

2 comentários:

Mariana Cotrim disse...

foda!

daniel henrique disse...

sociedade covarde que tem medo de tudo ...

sinto muito, mas não vou ficar dentro de casa por causa da insegurança das ruas

gostei das palavras, gurias