segunda-feira, 8 de agosto de 2011

sobre meu doppelgänger

Sabe aquela premissa de que se todos são especiais, ninguém o é?
Eu parti da premissa de que se há várias possibilidades de sentido para a minha vida e eu não consigo escolher é porque minha vida não tem sentido. Entendem? Eu enxergo tantas possibilidades, tantos futuros, tanto crescimento (tanto intelectual quanto humano) que me sinto intimidada por todas essas possíveis Brunas, muito melhores do que a Bruna atual, indecisa e irracionalmente infeliz.
Essa imagem de uma Bruna mais evoluída, mais sábia, mais culta, mais humana, mais tudo; essa imagem me assombra, como se fosse um doppelgänger que constantemente me segue e está comigo toda vez que devo fazer uma decisão. É como se eu me olhasse no espelho me visse em duas: o que eu sou, e essa imagem eu tendo a deturpar ao máximo possível, e esse doppelgänger, essa assombração (porque é isso que essa imagem faz: me assombra! em vez de me animar, me põe pra baixo; em vez de eu ficar feliz com todas as minhas possibilidades, eu me deixo deprimir por ter medo de fazer a decisão não errada, mas a menos certa).
E, tendo em vista a minha nova filosofia prática de tentar incorporar a essência do espírito de Poliana, tentei olhar as coisas de um outro ângulo. Eu posso não ter decidido o que eu quero fazer ou qual das inúmeras possibilidades eu vou seguir, mas isso não esvazia minha vida de sentido - na verdade, o meu objetivo de vida é justamente escolher qual sentido minha vida terá. Pois eu não acredito que a vida tenha apenas um sentido, eu acho que esse sentido muda de acordo com seu momento e suas vontades, por isso, a minha maior aspiração agora é descobrir o que eu posso fazer de melhor e como eu posso me tornar útil para alguém ou para o mundo.

[Um sentido para a vida não precisa ser algo grande, algo macro. Não é porque a pessoa não é aspirante a revolucionária que ela é corroída pelo vazio de sentido. A incredulidade no próprio sentido também não tira o sentido das coisas: o niilista pode achar que suas ações são desprovidas de um sentido, mas as pessoas ao seu redor podem discordar. O logos se encontra também em ações pequenas, como em fazer o bem ao próximo, pois quando você o faz, se sente bem com você e sente que fez sua parte. O sentido pode se encontrar em dedicar-se a uma causa, ou mesmo dedicar-se a alguém - à pessoa amada, à família, ou a você mesmo.]

Toda essa epifania teve muitos agravantes e catalizadores, e após uma pseudo-reclusão (sim, pseudo, pois a minha ideia de reclusão é ficar dias sem falar com ninguém para garantir que sua linha de raciocínio não será interrompida, mas como isso não é possível no momento, tentei fazer o máximo possível), decidi olhar as coisas do alto da montanha e apagar a infelicidade e miserabilidade que estava contida dentro de problemas muito pequenos e insignificantes comparados com os problemas que existem no mundo - um mundo muito mais real do que o meu, uma burguesinha de classe média alta metida a besta.

Meu objetivo agora é tentar ser a melhor versão possível do que eu sou; aprimorar meu ser; lapidar meu ente; aprender a fazer boas decisões e não me deixar derrubar por questões demasiadamente racionais pois, cá entre nós, o ser humano não é tão racional quanto julga ser.
E em vez de me deixar deprimir pela constante imagem da doppelgänger que me invade, vou emoldurá-la e pendurá-la na minha parede de possibilidades.

5 comentários:

marina s. disse...

ótima escolha. vou pensar em plagiar, por que o meu conflito é bem parecido. essa coisa de poliana me sufocaria com toda a certeza, haha, mas tentar ser o melhor que eu puder no lugar de chorar meus defeitos é com certeza uma boa decisao. e eu concordo, é simplesmente ridiculo perceber que os nossos problemas existenciais sao tao sem motivos, quando existe tanta gente com problemas reais no mundo... ultimamente eu tenho conhecido gente que realmente tem traumas, familia desestruturada, dificuldades, enfim, problemas que geram tristeza; e conhecer essas pessoas me fez ter - ironicamente - uma crise, porque eu descobri que as minhas dores sao infundadas e patéticas. patética, essa é a palavra, me senti patética.. hoje de manha minha mae me disse que como eu me sinto constantemente triste e nao tenho um agressor, um problema ou algo concreto para me voltar contra, eu agrido a mim mesma. ela estava coberta de razao. e isso é tao >irracional< quanto inutil. alem de triste. na hora eu respondi que se todo mundo fizesse isso existiria menos violencia, e eu ja fui defensora dessa estoria de que autodestruição aprimora o ser, mas hoje acho que estive errada, um pouco de ego nao faz mal - na verdade um pouco de ego é essencial para a sobrevivencia. bom, é isso.. concordo com voce, acho que me ajudou. pode recusar esse comentario se quiser, eu queria mais falar com voce que comentar algo util uashuas, tchau.......

Anônimo disse...

A decisão mais errada que se pode ter é ficar sem toma-la por puro MEDO, paralisando sua vida. Acredite, tenha FÉ, pois mesmo na decisão errada de hoje existe aprendizado e voce fica mais perto da decisão correta. O pessimismo, a autocomiseração e o fatalismo so te leva a paralisia infundada do medo, porem a SINDROME DE POLIANA nos leva a buscar oportunidades melhores, a avançar, a sermos mais criativos e felizes.

vmbsf disse...

Quando li Pollyanna,aos dez anos,acho,que o maior ensinamento do "jogo do contente"que me ficou é de que por pior que pareça uma situação, sempre há algo de bom,ou seja, ela nos ensina a olhar sob um ponto de vista diferente,que trará uma visão diferente.Isso não é conformismo como muitos acham, é só ampliar a visão e não ser tão egocêntrico.Eleanor Potter publicou em 1913 esse livro.Na mesma época, Einstein estava desenvolvendo nada mais nada menos que a Teoria da Relatividade mostrando que dois referenciais diferentes oferecem visões perfeitamente plausíveis, ainda que diferentes, de um mesmo efeito.Ou seja...tudo depende do seu referencial, por onde você olha, de que forma, de que lado.Esse conceito já vinha sendo discutido pela filosofia e pela ciência e Einstein, provou matematicamente,para essa era tecnológico-científica, o que a humanidade já "sabia", o que escritores já exploravam.E, por favor, eu NÃO estou desmerecendo o trabalho do Einstein.
Então Pollyanna nos ensina a relativizar, ressignificar, redimensionar uma situação e, ao mesmo tempo, procurar uma lição, um ensinamento que nos está sendo proporcionado.
Adolescentes dramatizam tanto que esquecem que comédia também é um gênero literário.
Eu perdi, há dois dias, a minha tia mais querida.Fiquei muito triste mas a existência dela,a forma como ela ESCOLHEU viver os últimos anos,é um soco no estômago de quem não acredita que a vida TEM sentido e que afetamos a quem nos rodeia, inspirando positivamente.

Anônimo disse...

Lendo o comentário da Marina, fica claro que seu texto a inspirou, que seu texto teve uma utilidade .
"Eu escrevo como se fosse para salvar a vida de alguém.", sua citação de Clarice,o sentido de escrever num blog, parece ter sido atingido, mesmo que seja uma única pessoa a ter sido sensibilizada.
E agora?Continua achando sua vida sem sentido, sem utilidade?

Anônimo disse...

Em uma conferência, ao explicar para a platéia a forma de controlar o estresse, o palestrante levantou um copo com água e perguntou:
-"Qual é o peso deste copo d'água?"
As respostas variaram de 250g a 700g.
O palestrante, então, disse:-
- "O peso real não importa. Isso depende de por quanto tempo você segurar o copo levantado."
"Se o copo for mantido levantado durante um minuto, isso não é um problema.
Se eu o mantenho levantado por uma hora, vou acabar com dor no braço. Mas se eu ficar segurando um dia inteiro, provavelmente eu vou ter cãibras dolorosas e vocês terão de chamar uma ambulância."
E ele continuou:-
- "E isso acontece também com o estresse e a forma como controlamos o estresse. Se você carrega a sua carga por longos períodos, ou o tempo todo, cedo ou tarde a carga vai começar a ficar incrivelmente pesada e, finalmente, você não será mais capaz de carregá-la."
"Para que o copo de água não fique pesado, você precisa colocá-lo sobre alguma coisa de vez em quando e descansar antes de pegá-lo novamente. Com nossa carga acontece o mesmo. Quando estamos refrescados e descansados nós podemos novamente transportar nossa carga."
Em seguida, ele distribuiu um folheto contendo algumas formas de administrar as cargas da vida, que eram:
1 - Aceite que há dias em que você é o pombo e outros em que você é a estátua.
2 - Mantenha sempre suas palavras leves e doces pois pode acontecer de você precisar engolir todas elas.
3 - Se não puder ser gentil, pelo menos tenha a decência de ser vago.
4 - Pode ser que o único propósito da sua vida seja servir de exemplo para os outros.
5 - Quando você tenta pular obstáculos lembre que está com os dois pés no ar e sem nenhum apoio. Mas é uma delicia voar...
6 - Ninguém se importa se você consegue dançar bem. Para participar e se divertir no baile, levante e dance, pronto.
7 - Lembre, também, que sempre tem queijo grátis nas ratoeiras, ou seja, o caminho facil nem sempre é o melhor caminho
8 - Quando tudo parece estar vindo na sua direção, provavelmente você está no lado errado da estrada.
9 - Alguns erros são divertidos demais para serem cometidos só uma vez.
10 - Podemos aprender muito com uma caixa de lápis de cor. Alguns têm pontas aguçadas, alguns têm formas bonitas e alguns são sem graça. Alguns têm nomes estranhos e todos são de cores diferentes, mas todos são lápis e precisam viver na mesma caixa. Conviva com as diferenças...
11 - Não perca tempo odiando alguém, remoendo ofensas e pensando em vingança. Enquanto você faz isso a pessoa está vivendo bem feliz e você é quem se sente mal e tem o gosto amargo na boca.
12 - Quanto mais alta é a montanha mais difícil é a escalada. Poucos conseguem chegar ao topo, mas são eles que admiram a paisagem do alto e fazem as fotos que você admira dizendo "queria ter estado lá".
13 - Uma pessoa realmente feliz é aquela que segue devagar pela estrada da vida, desfrutando o cenário, parando nos pontos mais interessantes e descobrindo atalhos para lugares maravilhosos que poucos conhecem. APROVEITE O CAMINHO...