(Sim, desenterrei)
- Eu quero seu perdão; o garoto disse.
A garota o olhou com um olhar que confundia compaixão com desprezo. Sua jovem mente não sabia mais o que pensar dele. Julgá-lo antes disso era bem mais fácil, mas agora ele se mostrou tão frágil, tão sincero, e seus olhos, aqueles olhos; tão tristes e suplicantes. Como negar? Negar? Não negar?
Se ela não negasse, estaria passando por cima do seu amor próprio, do seu orgulho. Afinal, ele a traíra. E se traíra, também. Ao entrar naquele quarto, deixara sua dignidade atrás da porta. Ele estava se rebaixando de um tanto, e colocando-a num pedestal tão alto... e ela não gostou daquela responsabilidade.
Ela o tinha nas mãos, e sabia disso. Ambos sabiam.
- Não sei se você merece meu perdão; a garota disse, lançando um olhar cortante ao garoto.
Ele estremeceu. Não se assustou tanto, afinal, pois esperava uma reação desse tipo da garota. Ele entendia os motivos dela, e estava certo de que agora teria que provar para ela que, apesar da traição, ainda mantinha sua integridade.
- Sabe... seus olhos falam por você; ele disse.
E ela simplesmente odiava isso. Odiava o modo como ele brincava com ela, como ele a fazia se apaixonar a todo instante, como a olhava... os olhos. Sempre a fissura, a obsessão pelos olhos. Isso era o ponto máximo em comum entre os dois.
- Eu sei que você não mente... mas você mentiu pra si mesmo, e mentiu pra mim, e eu não sei o que pensar disso. Dê-me um tempo; a garota disse, pausadamente.
O garoto consentiu, com a cabeça, e se retirou da pesada sala. Com ele, a densidade daquele lugar. Mas suas consciências apenas condensaram-se mais.
Um comentário:
já disse né? *-----------* limds.
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