Todos os livros, toda a poesia lida de 400 anos atrás, toda a música apreciada de um artista de rua, toda construção admirada, todo céu contemplado, toda organização valorizada; tudo isso; tudo isso foi feito com a finalidade de dar algum sentido a essa minha efêmera e sofrida existência.
Os dias toleráveis, medíocres e medianamente agradáveis só faziam adormecer a minha essência. Minha ideologia: antes tão séssil, então extremamente estéril. A necessidade de colocar a cabeça para funcionar, de refletir, de ler os clássicos, de duvidar de alguma teoria, de sentir-me vivo e plenamente útil só faz com que eu me repugne ainda mais nos dias burguesmente comuns!
Odeio-me, odeio-me por não ser capaz de viver um dia de paz, de descanso e de inutilidade.
Os homens não se atrevem a nadar enquanto não o sabem. Eu, eu já estou prestes a me afogar num mar de teorias e revoluções esquerdistas! Prestes a me afogar numa maré de mediocridade, de choques culturais, de discordância e de assim-chamadas músicas modernas!
Mas ah!, a vida burguesa! Como é desvalorizada! Toda a rotina, a calmaria, o planejamento e a ignorância. Quisera eu não ter nascido com este ímpeto, com esta inanição de justificativas e explicações.
Ignorância. A ignorância tão melíflua.
Um comentário:
tenho vontade de largar tudo e fugiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiir...
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