Era uma vez uma Mônica e uma Paola.
Andavam sempre juntas. Não faziam o estilo amigas de infância, não podiam se gabar de uma amizade de dez anos, ultrapassavam aquele clichê de serem "quase irmãs", ultrapassavam aquele clichê de uma amizade perfeita sem brigas, ultrapassavam aquele clichê de as qualidades de uma preencherem os defeitos da outra. Eram melhores amigas, de uma forma diferente. Uma não se espelhava na outra. Mônica não era nem de longe o projeto de amiga perfeita de Paola, e Paola nunca imaginara que poderia ser amiga de alguém como Mônica. Mas aconteceu. E uma era o que a outra precisava naquele momento. Paola era totalmente louca, inconsequente e sensível demais. Mônica era rígida e não se permitia fazer muitas coisas. Viviam num equilíbrio instável.
Trabalhavam no mesmo lugar e se conheceram numa reunião. Ficaram bêbadas, riram muito juntas e desse começo muito saudável iniciou-se uma amizade. Desde então, faziam tudo juntas. Iam às compras, à academia, ao shopping, aos bares, e quando não existia a possibilidade de algo melhor para fazer, abriam uma Sprite e jantavam Twix na casa de Mônica. Tudo muito normal.
Até Paola conseguir uma promoção em sua área. Naturalmente, começou a trabalhar mais, a se esforçar mais, coisas que Mônica sempre recomendou que ela fizesse. Começou a não ser tão inconsequente, coisa que Mônica sempre recomendou que ela fizesse. Começou a sair com colegas de trabalho, não por simpatia, mas por interesse.
Mônica, um tempo depois, também conseguiu uma promoção. Mas ela não mudou seus hábitos, pois não havia necessidade. Ela fez amizade com seus novos colegas de trabalho, e nenhum ocupou o tempo de Paola em sua agenda, mas não era mais tão recíproco.
As duas começaram a brigar por motivos bobos, mas a implicância estúpida era só uma forma de demonstrar a insatisfação com aquela repentina mudança no relacionamento. Agora era desgastante, e as duas se encontravam meio que por obrigação. Já não era mais tão divertido e espontâneo.
Então, um dia, Paola mudou de cidade. E as duas simplesmente pararam de se falar. Paola seguiu com sua vida, sempre conhecendo gente nova, se apegando a alguns, ajustando-se a cada ambiente que ia. E Mônica voltou a viver a mesma vida de antes de Paola, saía de vez em quando para uns drinks com os amigos, mas nada além. Depois de anos e anos de separação, Mônica ainda sentia que parte da alegria e da espontaneidade dela se foram junto com Paola, mas aprendeu a conviver com isso. Ela não tinha escolha, tinha? Ela só se perguntava às vezes se Paola sentia a falta dela, também.
Mônica, eu tenho assistido você de longe. Adapte-se. Mude. Faça amizade com seus colegas de trabalho. Pinte suas paredes. Deixe o passado onde ele deveria estar.
No passado.
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